Gente também é bicho!

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29 de abril de 2022

O petróleo crú encontrado em todo nordeste e na grande maioria das praias Alagoanas tem causado danos ambientais ainda de extensão desconhecida. O prejuízo na área de turismo também é notório. E como sempre acontece em questões ambientais, a cobertura da imprensa é grande. Com inúmeras entrevistas externas ou nos estúdios de todas as emissoras de TVs, sites, jornais, que não medem esforços para divulgar o problema ambiental causado pelo homem. E vai-se contabilizando também que até agora – somente nas praias alagoanas – morreram pelo menos dez tartarugas. E nestas matérias jornalísticas são exaustivamente divulgados os telefones de órgãos públicos encarregados de socorrer estes animais. Equipes de profissionais em áreas como oceanografia, veterinária e outras especialidades estão prontos, a postos para atender as chamadas. Tudo isto está corretíssimo, como fazem em países chamados de primeiro mundo.

 

No final da tarde de ontem vimos nesta mesma imprensa o registro – rápido – de um incêndio na favela da Portelinha, parte alta de Maceió. Um curto circuito na televisão de um dos barracos destruídos foi a causa do fogo que chegou á dois metros de altura. O pânico foi geral. As pessoas fugiram com a roupa do corpo. E por sorte, nenhum ser humano morreu. Viu-se a notícia na TV, em alguns sites, e a vida continua. Sem maior comoção social. Para o desespero, das desamparadas vítimas do incêndio, que antes do fogo queimar suas camas e o pouco que tinham, já moravam em condições precárias. Agora, estas famílias, estão na rua, sem sequer o teto de papelão e sem a pouca comida que queimou na prateleira de madeira reciclada.

 

Eles não tem pelotões de equipes de profissionais de órgãos públicos para socorrê-los. Não sabem para quem telefonar. Seus filhos daqui a pouco vão reclamar da dor de barriga de fome. Ninguém está preocupado em contabilizar exatamente quantas pessoas foram prejudicadas ou muito menos o que será feito para resolver ou minimizar seus problemas. Ou seja, a mesma proporção da força tarefa organizada para dar resposta á comoção social do óleo nas praias e as tartarugas mortas, também poderia ser empregada para os homens, mulheres, crianças e velhos… Seres humanos atingidos pelo incêndio de ontem a noite.

 

Nós, a sociedade, a imprensa, precisamos aprender que gente também é bicho. Mas o bicho homem se recusa a entender isso. Em tempo: No incêndio uma tartaruga morreu queimada.

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